sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Menino do Dedo Verde



Nestes tempos da Conferência de Kopenhagen sobre as mudanças climáticas que ameaçam a vida na Terra, onde todos falam muito e nada ou quase nada querem fazer, efetivamente, para resolver essa situação terrível, me lembrei da bela história de Tistou, o Menino do Dedo Verde, publicado em 1957 na França. Seu autor, Maurice Druon, um escritor parisiense, que nasceu em 23 de Abril de 1918 e foi também jornalista, poeta, presidente de Academia Francesa de Letras e Ministro da Cultura na década de 70. Druon, que tinha um avô brasileiro, o maranhense Odorico Mendes, tradutor das obras de Homero e Vergílio, morreu em 14 de Abril de 2009, aos 91 anos de idade. Seu livro fantástico, versa sobre a natureza e ecologia, as diferenças sociais e econômicas, poluição, guerra, família, poesia, amor, vida e principalmente, beleza! Escrito na época da Guerra Fria, não havia espaço e tolerância para outras concepções políticas e existenciais. Qualquer voz contestadora era calada, analogamente ao que o Sr. Trovões provavelmente faz com Tistou. Foi o único livro infantil de Druon, que à maneira de Saint-Exupéry deve ser lido por crianças de todas as idades, sempre.

A missão do menino é despoluir, humanizar e reintroduzir a poesia no universo do qual ela se encontra exilada. Sobre um mundo cinza e enlutado, Tistou deixa impressões digitais misteriosas que suscitam o reverdecimento e a alegria, nos faz perceber que existem milhares de Tistous espalhados pelo mundo; capazes de florescer e descobrir que também possuem um polegar verde, ou seja, um talento oculto, uma voz pacificamente contestadora que pode ser observada no menino Tistou; em oposição a esse discurso por liberdade e liberdade de expressão, está a voz retumbante e opressora do Sr. Trovões.




Esse livro é um recado de paz, reflexão e sabedoria às crianças, inclusive àquela criança que sobrevive em nós, e esse é o recado que gostaria de transmitir aos meus leitores. Com um debate aberto aos temas atuais e circunstâncias do mundo contemporâneo, onde as incessantes atividades no sentido da sobrevivência deixam pouco espaço na vida das pessoas para uma reflexão de caracter filosófico, existencial e humanista sobre o verdadeiro sentido da vida. Será que alguém, algum dia por falta de dinheiro no bolso não terá um copo de água para beber? Será que neste dia, caro leitor, sem perceber, estaremos no grupo daquelas pessoas que acham tudo isso normal? E a fome e a sede na África...hoje? Boa leitura e até o próximo post.

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